quarta-feira, 30 de agosto de 2023

São Felix da Marinha

 Identidade Local

        O Conceito de identidade local é determinado, pela sua história, tradição, cultura, meio social predominante, sendo este adaptado ao estilo de vida e ambiente em que vivemos e o qual nos identificamos.

História da freguesia se São Félix da Marinha

        

        A freguesia São Félix da Marinha está situada no Concelho de Vila Nova de Gaia, a sua história começou a ser conhecida por volta do séculos XII e XIII, quando a igreja desta localidade apareceu referenciada em vários documentos como, (Igreja de Sanfins de Serzedo), assim como referências à anexação da (Vila de Brito), ao Couto de Grijó, em 11 de janeiro de 1139, anexação essa ordenada por D. Afonso Henriques.


Em 1148, encontram-se referências a uma (estrada Mourisca), que passava pelo lugar de Brito, estrada esta que foi construída no mesmo lugar de uma anterior (via militar romana). Em 20 de Janeiro de 1518, o Rei D. Manuel I atribui o foral a Gaia. Nesse documento esta localidade é mencionada com (Sam Fyz).

A designação São Félix (em latim Santi Felicis) é uma correção erudita da forma popular Sanfins, que por sua vez é abreviada de São Fins. Assim, o topónimo São Félix estará intimamente ligado ao nome do padroeiro da freguesia - S. Félix de Gerona (cidade espanhola da Catalunha) que se comemora a 1 de Agosto, o qual seria um cristão negro, presbítero ou diácono do norte de África.


Quanto ao topónimo Marinha, estará relacionado com as palavras, salina ou marinha - "lugar de recolha de água do mar para fabrico de sal". Em 1860 existiriam na Granja, junto à praia e em terrenos adquiridos por Frutuoso Ayres, pequenas leiras com depósitos de sal. Assim sendo, e salvo melhor explicação, justifica-se desta forma o topónimo São Félix da Marinha.


Ocupando uma área de 8,78 Km2 e uma população a rondar as 12.000 pessoas, a freguesia de São Félix da Marinha poderá ser caracterizada como uma zona que outrora seria essencialmente rural e que hoje vai sendo salpicada por diversos espaços urbanos.


Os seus lugares são: Além do Rio, Brito, Forta, Granja de Cima, Juncal, Matosinhos, Mesura, Moinhos, Monte e Praia da Granja. Dos lugares acima referidos, o da Praia da Granja é o que mais se destaca da história desta freguesia. Os Cónegos Regrantes do Patriarca St. Agostinho do Real Mosteiro de S. Salvador de Grijó (vulgarmente chamados frades Agostinianos ou Crúzios), construíram a chamada Quinta da Granja, mais tarde Quinta dos Ayres e hoje conhecida como Quinta do Bispo, para ali se poderem instalar e, por estarem perto do mar, criarem a sua brévia - "ir a ares".



Com a ligação da linha do caminho-de-ferro entre Sta. Apolónia e as Devesas, em 4 de Julho de 1864, e a construção da estação da Granja, dava-se o primeiro passo para aquela que - "É a mais graciosa, a mais fresca, a mais asseada das estâncias balneares de recreio do nosso país", assim escreveu Ramalho Ortigão no seu folheto "Praias de Portugal".


Nos finais do século XIX, os jornais de Lisboa e Porto referiam-se à Granja como sendo uma "Concha mimosa como a pétala de uma camélia (...) Ninho feito de púrpuras e perfumes", "a formosa praiazinha e bijou das nossas praias".



Desde essa altura até à década de 60, pela Granja passaram e veranearam ilustres figuras. Desde El-Rei D. Luís, a Rainha D. Maria Pia e seu filho Infante D. Afonso de Bragança, o Príncipe Real D. Luís Filipe, Mouzinho de Albuquerque, até ao famoso "Grupo dos Cinco" - Ramalho Ortigão, Eça de Queirós, Oliveira Martins, Antero de Quental e Guerra Junqueiro, passando por diversas famílias da nobreza do Porto, Lisboa, Santarém e Castelo Branco e até da vizinha Espanha, todos eles vinham " a banhos à Granja".


A 19 de Abril de 2001 é aprovada na Assembleia da República a Lei n.º 71/2001 que eleva à categoria de Vila a povoação de S. Félix da Marinha.


  • Av. Sacadura Cabral é esta primeira avenida pedonal de Portugal


Talvez sexta-feira fique na Granja, a respirar o ar puro da verdade social que ali constantemente circula.



Carta a Oliveira Martins, 1884 IN: Biblioteca Nacional


O bar de praia A Barraquinha



O bar de praia, na esplanada Fernando Ermida, na Granja foi demolido, após 80 anos de existência, por ali passaram figuras como a poetisa Sophia de Mello Breyner, que gostava de escrever numa mesa muito específica e voltada para o mar, mas também, mais recentemente, figuras do mundo da bola, sobretudo jogadores do Futebol Clube do Porto.


O lugar da Granja, uma das mais famosas e antigas estâncias balneares portuguesas. A Granja é ainda conhecida por ter sido o local onde Sophia de Mello Breyner Andresen passou grande parte da sua infância e juventude e fonte de inspiração para os elementos marítimos das suas obras.


Piscina da Granja


                                                            Autor: José Ramos


    


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